No próximo dia dez de dezembro, completar-se-ão sessenta e um anos da adoção, pela Organização das Nações Unidas (ONU), da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Na ocasião, período pós-segunda guerra, vários países, liderados pelos Estados Unidos e, até então, a União Soviética, redigiram um documento com o objetivo de evitar guerras e promover a paz e a democracia, fortalecendo os Direitos Humanos mais básicos.
Muitos avanços foram observados desde 1948 até nossos dias. Mas até onde um documento como esse pode interferir na vida dos cristãos, principalmente católicos? É com essa pergunta que criticamos a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que vetou o uso de crucifixos em escolas públicas da Itália. Segundo o órgão de justiça, a prática de expor crucifixos em lugares que as pessoas são obrigadas a frequentar contraria a liberdade de religião dos alunos.
Toda essa polêmica foi levantada depois que uma cidadã italiana, Soile Lautsi, cujos filhos de 11 e 13 anos frequentavam uma escola pública, considerou que a exibição de um crucifixo nas salas de aula era contrária ao princípio da secularidade em que pretendia educá-los.
O tribunal de Estrasburgo considerou que "a exibição obrigatória do símbolo de uma determinada confissão em instalações utilizadas pelas autoridades públicas e especialmente em aulas" restringe os direitos paternos de educarem os seus filhos "em conformidade com as suas convicções".
Para a ministra da Educação italiana, Mariastella Gelmini, a decisão do Tribunal é "ideológica" e o governo já anunciou que vai recorrer da mesma. "A presença do crucifixo das salas de aulas não significa uma adesão ao catolicismo, mas é um símbolo da nossa tradição. Ninguém, e ainda menos um tribunal europeu ideológico, conseguirá suprimir a nossa identidade. Além disso, a Constituição Italiana reconhece um valor particular à religião católica", afirmou a Ministra.
Contrariando o que alega o Tribunal, um grupo de estudantes muçulmanas, que frequentam aulas em escola italiana, afirmou que a presença de um crucifixo não interfere na fé que elas professam. A egípcia Zenat, de 14 anos, disse que o crucifixo não a incomoda. "Eu sou muçulmana e a presença dele não prejudica a minha religião", diz a garota.
O vaticano lamenta o veredito europeu. "Esta Europa do terceiro milênio nos tira os símbolos mais valiosos e nos deixa somente as abóboras da festa de Halloween", afirmou o Cardeal Tarcisio Bertone, secretário do Estado do Vaticano.
Precisamos lembrar que a Itália é um país maciçamente católico, e que o direito da grande maioria é que deve prevalecer. Existe uma forte ligação entre os italianos e a Igreja Católica e isso também deve ser considerado. Esperamos que o Tribunal europeu reconheça o direito dos cristãos italianos e revogue o veto, já que o crucifixo é um direito básico entre todos os cristãos.
(Renato Rosa)
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