Na extraordinária cobertura dada por todos os meios de comunicação à tragédia que abala o Haiti, um nome volta com destaque: Dra. Zilda Arns. Isso mostra que ao longo dos seus 23 anos dedicados à Pastoral da Criança e a outras atividades complementares na linha de uma nova concepção preventiva em termos de vida saudável, ela se transformou numa unanimidade em todos os ambientes e em todas as classes sociais. Portadora de inúmeros títulos e moções de honra, apesar de três indicações, não recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Mas nesta altura pouco importa: já tem seu nome inscrito para sempre no Livro da Vida.
O que nem todos os meios de comunicação social e autoridades colocaram em evidência é que a Dra. Zilda não assumiu a Pastoral da Criança por iniciativa própria. Através do seu irmão, por muitas décadas uma figura de proa da Igreja e da sociedade brasileira, ela foi convencida a aceitar como missão que a Igreja do Brasil (CNBB) lhe confiava: criar uma linha de ação pastoral que atingisse a raiz dos problemas que se escondiam por trás dos altíssimos índices de imortalidade infantil, uma das vergonhas do Brasil.
Com preparo profissional e pedagogia invejáveis, auxiliada por assessores de diversas áreas afins, ela conseguiu articular um plano de ação simplesmente admirável. Inspirada na fé que recebeu do berço, soube, como poucos, desentranhar as dimensões políticas e sociais da fé. Sem receio de juntar forças, mesmo provindas de outras crenças ou outras concepções antropológicas e políticas, foi armando uma verdadeira rede que ao longo dos anos faz sentir sua presença em cerca de 3.500 municípios do Brasil, com o acompanhamento de aproximadamente 80 mil gestantes e atingindo 2 milhões de crianças.
Mas, levada por um verdadeiro ardor missionário, sentiu-se chamada a ultrapassar todas as barreiras e fronteiras, ajudando a implantar essa ação revolucionária em cerca de 20 países, sobretudo da América Latina e da África, privilegiando países e regiões mais pobres. Lógico que a ação visava acompanhar a evolução das crianças, literalmente desde a concepção no seio materno até a idade dos 6 anos.
Convencida de que embora se deva saciar os famintos, deixava claro que o assistencialismo não resolve os problemas da miséria e da pobreza. Essas só serão superadas através de um trabalho mais sistemático, mais participativo, mais globalizante, partindo da raiz dos problemas e abrangendo todas as dimensões do humano.
Nunca escondeu que, ao lado da nutrição, noções básicas de higiene e cidadania, privilegiava uma espiritualidade capaz de sustentar um ação eficaz, levada adiante por um numeroso voluntariado. Seriam 260 mil esses agentes, devidamente preparados e monitorados sob os mais diversos aspectos, para poderem entender as reais causas da mortalidade infantil e desenvolver uma ação eficaz. E os milagres vão acontecendo em toda parte. Onde a Pastoral da Criança funciona, os índices de mortalidade infantil caem vertiginosamente.
Bastam o preparo dos agentes, seu entusiasmo contagiando as mães e familiares, bem como toda a comunidade; medidas básicas de higiene; um espaço qualquer para as reuniões; nos casos de crianças mais frágeis, o denominado leite forte, com ingredientes de custo praticamente zero, mas de uma eficácia invejável.
Sem dúvida aqui cabe uma comparação ilustrativa. O que Paulo Freire representa em termos de concepção educacional, a Dra. Zilda Arns representa em termos de uma nova concepção de saúde. Por mais importante que continue sendo a ação de médicos e profissionais afins, a grande intuição da Dra. Zilda é a de que o principal agente de saúde física, psíquica e espiritual encontra-se exatamente onde se encontra a origem da vida: a família, e particularmente as mães.
Por mais que se deva lutar contra a fome, a pobreza e a miséria, a construção de uma nova sociedade tem que privilegiar o "berço". Esse "berço" nada tem a ver com nobreza, mas com a certeza que vem do presépio de Belém. Na expressão da verdadeira "mãe das crianças pobres" ... "como pássaros que cuidam de seus filhos.... longe de predadores... e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado... e protegê-los".
Essa mensagem que se encontra no texto final da palestra que ela estava proferindo, ao que parece dentro de uma igreja que ruiu sobre ela e muitos dos participantes, certamente não agrada a todos. Sobretudo irá desagradar aos que em pleno século XXI levantam outra bandeira, mais parecida com aquela que devia tremular no alto das torres do palácio de Herodes. Nem por isso essas palavras deixam de ser proféticas. Compreensiva dos dramas humanos, pela inspiração do Evangelho, a Dra. Zilda deixou um grande farol aceso, capaz de revelar o verdadeiro rosto e os verdadeiros interesses dos herodianos, e sobretudo capaz iluminar a todos os apóstolos da vida.
O que nem todos os meios de comunicação social e autoridades colocaram em evidência é que a Dra. Zilda não assumiu a Pastoral da Criança por iniciativa própria. Através do seu irmão, por muitas décadas uma figura de proa da Igreja e da sociedade brasileira, ela foi convencida a aceitar como missão que a Igreja do Brasil (CNBB) lhe confiava: criar uma linha de ação pastoral que atingisse a raiz dos problemas que se escondiam por trás dos altíssimos índices de imortalidade infantil, uma das vergonhas do Brasil.
Com preparo profissional e pedagogia invejáveis, auxiliada por assessores de diversas áreas afins, ela conseguiu articular um plano de ação simplesmente admirável. Inspirada na fé que recebeu do berço, soube, como poucos, desentranhar as dimensões políticas e sociais da fé. Sem receio de juntar forças, mesmo provindas de outras crenças ou outras concepções antropológicas e políticas, foi armando uma verdadeira rede que ao longo dos anos faz sentir sua presença em cerca de 3.500 municípios do Brasil, com o acompanhamento de aproximadamente 80 mil gestantes e atingindo 2 milhões de crianças.
Mas, levada por um verdadeiro ardor missionário, sentiu-se chamada a ultrapassar todas as barreiras e fronteiras, ajudando a implantar essa ação revolucionária em cerca de 20 países, sobretudo da América Latina e da África, privilegiando países e regiões mais pobres. Lógico que a ação visava acompanhar a evolução das crianças, literalmente desde a concepção no seio materno até a idade dos 6 anos.
Convencida de que embora se deva saciar os famintos, deixava claro que o assistencialismo não resolve os problemas da miséria e da pobreza. Essas só serão superadas através de um trabalho mais sistemático, mais participativo, mais globalizante, partindo da raiz dos problemas e abrangendo todas as dimensões do humano.
Nunca escondeu que, ao lado da nutrição, noções básicas de higiene e cidadania, privilegiava uma espiritualidade capaz de sustentar um ação eficaz, levada adiante por um numeroso voluntariado. Seriam 260 mil esses agentes, devidamente preparados e monitorados sob os mais diversos aspectos, para poderem entender as reais causas da mortalidade infantil e desenvolver uma ação eficaz. E os milagres vão acontecendo em toda parte. Onde a Pastoral da Criança funciona, os índices de mortalidade infantil caem vertiginosamente.
Bastam o preparo dos agentes, seu entusiasmo contagiando as mães e familiares, bem como toda a comunidade; medidas básicas de higiene; um espaço qualquer para as reuniões; nos casos de crianças mais frágeis, o denominado leite forte, com ingredientes de custo praticamente zero, mas de uma eficácia invejável.
Sem dúvida aqui cabe uma comparação ilustrativa. O que Paulo Freire representa em termos de concepção educacional, a Dra. Zilda Arns representa em termos de uma nova concepção de saúde. Por mais importante que continue sendo a ação de médicos e profissionais afins, a grande intuição da Dra. Zilda é a de que o principal agente de saúde física, psíquica e espiritual encontra-se exatamente onde se encontra a origem da vida: a família, e particularmente as mães.
Por mais que se deva lutar contra a fome, a pobreza e a miséria, a construção de uma nova sociedade tem que privilegiar o "berço". Esse "berço" nada tem a ver com nobreza, mas com a certeza que vem do presépio de Belém. Na expressão da verdadeira "mãe das crianças pobres" ... "como pássaros que cuidam de seus filhos.... longe de predadores... e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado... e protegê-los".
Essa mensagem que se encontra no texto final da palestra que ela estava proferindo, ao que parece dentro de uma igreja que ruiu sobre ela e muitos dos participantes, certamente não agrada a todos. Sobretudo irá desagradar aos que em pleno século XXI levantam outra bandeira, mais parecida com aquela que devia tremular no alto das torres do palácio de Herodes. Nem por isso essas palavras deixam de ser proféticas. Compreensiva dos dramas humanos, pela inspiração do Evangelho, a Dra. Zilda deixou um grande farol aceso, capaz de revelar o verdadeiro rosto e os verdadeiros interesses dos herodianos, e sobretudo capaz iluminar a todos os apóstolos da vida.
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